segunda-feira, 7 de junho de 2010

CARTA DE UM JOVEM PACIENTE EM ESTADO TERMINAL

CARTA DE UM JOVEM PACIENTE EM ESTADO TERMINAL

Acho que neste mundo ninguém procurou descrever o seu próprio diálogo, não como meu pai vai recebê-lo, mas preciso de todas as minhas forças escreve-lo há tempo.

Sinto muito, meu pai, acho que este diálogo é o último que eu tenho com o senhor, sinto muito...

Está em tempo de o senhor saber a verdade de que nunca suspeitou. Vou ser breve e claro. “O TÓXICO ME ELIMINOU”.

Travei conhecimento com meu “ASSASSINO” aos quinze anos de idade.

É horrível, não pai? Sabe como nós conhecemos isso? Através de um cidadão elegantemente vestido, bem elegante mesmo e bem falante, que nos apresenta o nosso futuro: “TÓXICO”.

Eu na minha inocência tentei, mas tentei mesmo recusar, mas o cidadão mexeu com meu brio, dizendo que eu não era homem. Não preciso dizer mas nada, não é ? Ingressei no mudo do “TÒXICO”. No começo foram tonturas, depois devaneios, a seguir a escuridão... Eu não fazia nada sem que o “TÒXICO” estivesse presente.

Depois veio a falta de ar, medo alucinação, euforia e tudo novamente...

Eu me sentia o melhor, o maior do que as outras pessoas. O “TÓXICO” meu amigo inseparável sorria... Sabe pai, a gente come e acha tudo ridículo e muito engraçado. Até Deus eu achava ridículo e hoje neste leito de hospital eu reconheço que Deus é o ser mais importante do mundo. Eu sei que sem ajuda Dele não estaria escrevendo estas linhas.

Pai o senhor pode não acreditar, mas a vida de toxicômano é terrível, a gente se sente dilacerado por dentro... É horrível, todos os jovens devem saber disso, para não entrar nessa. Já não posso dar nem três passos sem me cansar. Os médicos dizem que eu vou ficar curado, mas quando saem do quarto balançam a cabeça, tentando transmitir que não tem jeito.

Pai eu só tenho 19 anos e sei que há menor chance de viver. É muito tarde para mim, mas tenho um último pedido a fazer. Procure todos os jovens que o senhor conhece e mostre a eles esta carta. Diga-lhes que em cada porta de escola, em cada cursinho, em cada faculdade e em qualquer lugar há sempre um homem elegantemente vestido e bem falante que irá mostrar seu futuro assassino, o destruidor de vidas, que os levará a loucura e a morte como a mim.

Por favor, faça isso, meu pai antes me perdoe por fazê-lo sofrer, e pelas minhas loucuras.

Adeus meu pai...



E DIAS DEPOIS DE ESCREVER ESTA CARTA, O JOVEM FALECEU.

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